(parêntesis)

Me despedi do americano. Não fiquei triste, a gente ia se ver de novo na vida. Ele virou um bróder daora. Do tipo que não precisa ter nada marcado ou fazer nada de especial e ainda assim aproveitar a companhia. E eventualmente algo de espeical acontecia, também.

Sabendo que tinha mandado um email cancelando a noite pro hostel errado, cheguei na estação de trem uma hora e meia antes do trem das 20h. No guichê, me falaram que era 83 euros a passagem pra Cracóvia. Boquiaberta. Como assim?! Ah, só pode usar a carteirinha de estudante um dia antes da viagem. Em nenhum isso tava escrito, ninguém nunca tinha me falado.  Comprei o filha da puta. Sentei num banco do outro lado e me pus a chorar. Furiosamente. Nunca tinha me caído tão fortemente como dói gastar dinheiros dos pais. E ainda assim tão estupidamente. Repeti ‘Fucking Hungary’ um milhão de vezes. Não dar a single fuck, a gente vê por aqui. Estava com tanta raiva que poderia ter fritado a pomba só com o olhar. Voltei para o guichê para entender aquela merda e era isso mesmo. Me fudi.

No trem descobri que ainda precisava pagar mais 10 euros caso quisesse uma cama. É óbvio que não avisaram no guichê. Dormir sentada não rolava; ia chegar às 7h e queria aproveitar o dia. Como não bastasse, estava suada e nojenta, deitei na cama, tinha uns americanos mais na deles. Havia seis camas (duas colunas de três) na cabine. Fiquei na do meio. Fui pegar o celular para colocar alarme. Não achei. Lembrei que tinha deixado embaixo do travesseiro para não acontecer de deixar de ouvir o alarme para o check out, que nem tinha acontecido naquela manhã. Estava terminando o espaço para irritação.

Me mudei para a cama do outro lado, que recebia um vento da janela. E, como está escrito no meu bloquinho: “De uma e de repente só vez, que sensação maravilhosa. O vento forte retirava todo o calor indesejado de mim, deitada numa cama surpreendentemente boa e com a cara na janela. Man, so nice. Me toquei: ‘Estou por mim, num trem. Viajando. Ah'”

Epitáfio de Budapeste


Na fileira de cima, quentes. Na de baixo, frios. Em ambas, doces e salgados. E a gente, abrindo a portinhola toda hora e enchendo a mesa e nossas barrigas. Rodízio assim é muita felicidade. Precisei viajar para tomar coragem de pagar (acho que mais barato que aqui) para me divertir como nunca comendo comida japonesa. Tinha umas coisas meio diferentes, mas nada era estranho demais para eu olhar assim esfomeada para o pratinho móvel. A breve dor de barriga depois super valeu a pena, hai.

(no restaurante Wasabi)

Tenho a teoria de que europeus aproveitam o sol melhor que a gente

 

 

As avenidas são muito belas


Fomos dormir tarde. Só que o segredo para dormir tarde e acordar cedo para pegar um ônibus super barato para Cracóvia é exatamente o oposto: não dormir. Some-se a isso o infortúnio de nenhum dos dois celulares tocarem o alarme e se tem uma Aninha deveras puta quando acorda 7 minutos depois de o ônibus ter partido. Não, não dava para pegar o ônibus do dia seguinte sem pagar de novo. Já tinha perdido a noite reservada em Cracóvia porque a outra opção era pegar um trem noturno. Com o nível de irritada subindo, relaxei o eggs e esticamos a perna de novo.

Bares em ruína


Uma das melhores coisas de Budapeste são os bares. Destruídos, lotados de trecos pendurados nas paredes, placas, graffitis, triciclos, sujos, confusos e lindos. Senti-me estranhamente confortável. Um dos mais famosos é o Szimpla. É um labirinto meio alucinógeno. A foto está escura, mas é assim mesmo. Os bares de Budapeste são uma metáfora da cidade inteira.

Deák Férenc Tér

 

 

 

O sorriso. A olhadela. O instante.

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.